Drª Christiane Machado
CRM 10965 BA • RQE 6192


Uma das maiores referências em Geriatria do país, é graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Especialista pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). 
Além de ter realizado Residência Médica no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), possui Pós Graduação em Neuropsiquiatria Geriátrica na Unidade de Referência em Demências no Istituto di Riabilitazione Geriatrica Pio Albergo Trivulzio em Milão, Itália. 
Considerada uma liderança na área, entre 2021 e 2023, foi Diretora Científica da SBGG Nacional, estando à frente do Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia de 2023; presidiu por duas vezes a SBGG seccional Bahia e participou da Diretoria da Associação Brasileira de Neuropsiquiatria Geriátrica (ABNPG).   Desde 2006, se dedica também ao ensino acadêmico: é professora do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na cadeira de geriatria.

________________________________________


Agende sua consulta
71 2132-6927 | 71 9 8114-6023
christiane.machado@uol.com.br​​​​​​​
Clínica Nascher
Rua Eduardo José dos Santos, 43
Rio Vermelho, Salvador, Bahia.


_______________________________________

G a l e r i a  ​​​​​​​
_______________________________________



A r t i g o  

A evolução de conceitos em geriatria e gerontologia​​​​​​​

O envelhecimento é um processo complexo; e tão complexo também é cuidar de uma pessoa idosa enquanto profissional de saúde. A percepção de bem-estar é o que deve ser buscado, independentemente da idade, da presença ou ausência de doenças.
Acontece que essa percepção está muito diretamente ligada às habilidades e capacidades em realizar tudo aquilo que interessa à pessoa e corresponde ao que ela valoriza para si e para sua vida. Apesar da individualidade peculiar na abordagem aos pacientes idosos, há aspectos relacionados à saúde que são percebidos por todos como essenciais e que devem ser preservados ou resgatados, caso tenham sido perdidos ou estejam na eminência de serem perdidos. Por exemplo, as questões relacionadas à saúde mental, à mobilidade, aos cuidados com medicamentos e com as doenças que comumente estão presentes nessa fase da vida. Pode-se dizer que esses são os pilares que sustentam a saúde de uma pessoa idosa.
Baseando-se nessa rede complexa de muitas variáveis, a Dra. Mary Tinetti, uma geriatra americana, durante um congresso no Canadá em 2017, propôs pela primeira vez os 5Ms da geriatria. Era uma espécie de constructo na intenção de explicar como a geriatria se diferencia de outras especialidades, uma vez que o modelo de doença e de saúde são sabidamente diversos à medida que o indivíduo envelhece. Os quadros sindrômicos diferentes, a interrelação que estabelecem entre si e as estratégias de manejo são definitivamente peculiares e merecem ser vistos de outros ângulos.
Pois bem, os 5 Ms retratam 5 eixos sobre os quais as intervenções podem ser mais bem pensadas e executadas, incluindo a percepção de que deve ser imprescindível o trabalho de interdisciplinaridade com outras áreas, representadas por profissionais que se dedicam à gerontologia e desenvolvem expertises no cuidado com a pessoa idosa. Fisioterapia, enfermagem, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia são exemplos dentre as várias disciplinas que podem se especializar em envelhecimento.​​​​​​​
Os 5 Ms são conhecidos como: Mente, Mobilidade, Medicamento, Multicomplexidade e Mais importante, esse último a tradução de what matters most, ou o que mais importa. Quando a Dra. Mary Tinetti os propôs, eles foram diagramados como os dedos de uma mão, o que nos remete a trabalho, solidariedade e cuidado. 
Mente se refere à capacidade cognitiva, ao humor e à promoção da saúde mental. Considera a investigação e manejo de problemas prevalentes, como as demências, delirium, depressão e ansiedade. 
Mobilidade contempla todas as varáveis envolvidas com a força muscular, a marcha e o equilíbrio. Esse é um domínio fundamental para a capacidade funcional e a possibilidade de se manter independente para tarefas da vida diária. Tudo o que pode interferir na mobilidade deve ser buscado ativamente na história, no exame físico e em exames complementares, a exemplo da condição nutricional, do uso de medicamentos e de doenças que possam afetar o sistema osteoarticular.









Nesse quesito, as quedas merecem muita atenção e por tantas consequências ruins que elas podem trazer. E a principal delas é justamente fazer piorar a mobilidade, deixando o indivíduo mais suscetível a outras quedas.
Medicamento são um capítulo mais que importante quando o assunto é saúde no envelhecimento. As modificações ocorridas no organismo de um idoso o torna mais vulnerável a efeitos colaterais, além de mais interações e, com muita frequência, os medicamentos são a causa de algum problema novo que tenha surgido, levando a outros tratamentos superpostos e internamentos hospitalares. A chance de usar remédios de forma contínua ou mesmo intermitente, aumenta muito devido à prevalência elevada de doenças crônicas. E, com o avanço da ciência, mais recursos terapêuticos farmacológicos têm sido somados aos tratamentos das doenças, de uma forma geral, elevando em quantidade os medicamentos a serem usados pelos pacientes.
Multicomplexidade, com o termo já diz, se refere a uma gama de aspectos que devem ser levados em conta na avaliação do paciente idoso. Questões relacionadas aos cenários e níveis de assistência (hospital, domicílio, clínicas de transição, ambulatório), a apresentação atípica das doenças, as alterações fisiológicas relacionada ao envelhecimento, a síndrome da fragilidade, déficits sensoriais e tudo o mais que de uma forma ou de outra incide na condição de saúde do idoso. Questões prognósticas também devem ser contempladas para guiar a tomada de decisões e o uso dos recursos que são disponíveis no sistema de saúde como um todo.
Mais importante é tudo aquilo que deve ser priorizado dentro de uma hierarquização dos problemas, e isso sempre deve ser feito em geriatria e gerontologia. O que mais importa sempre será o que compromete ou poderá vir a comprometer a capacidade funcional do paciente e esse deverá ser o maior dos papéis do profissional de saúde que cuida de um idoso: evitar a perda e/ou resgatar aquilo que foi perdido em termos de capacidade no dia a dia. Dentre desse rol de itens tidos como mais importantes, estão também as necessidades sociais e espirituais, o alívio do sofrimento sempre; e o respeito aos valores e às prioridades do próprio paciente. Dentro dessa temática, as diretivas antecipadas de vontade e o que o paciente deseja para si, caso perca a capacidade de decidir, devem ser contempladas e aplicadas se vier a ser necessário. 
Os 5 Ms vêm ganhando espaço nos serviços assistenciais e nos centros acadêmicos, tornando-se a base das matrizes de competências para o ensino de geriatria aos estudantes de medicina nos EUA, de acordo com a recomendação da American Geriatrics Society.  Parece mesmo ser forma mais eficaz de comunicar o diferencial do cuidado da medicina geriátrica que, junto com a gerontologia, é especialista em complexidade. Eles ajudam a organizar os diversos problemas e a estabelecer metas de cuidado de forma individualizada e, com certeza mais adequadas e assertivas.​​​​​​​​​​​​​

________________________________________


 ​​​​​​​
E n t r e v i s t a s 



A Tarde FM | Podcast #Bengalas


_______________________________________